quarta-feira, janeiro 28, 2009

Impressões Modernas, no Bahia Cultura e Variedades

A cobertura da imprensa baiana sobre a formação do teatro em meados do século XX e as mudanças ocorridas no exercício do teatro e na cobertura jornalística são o foco do livro de estreia da atriz, jornalista, professora e doutoranda Jussilene Santana.

Impressões Modernas – Teatro e Jornalismo na Bahia (com selo da editora Vento Leste) tem lançamento marcado para o próximo dia 5 de fevereiro (quinta-feira), às 17h, na Livraria LDM (Piedade).

Nome de destaque na cena teatral de Salvador (Prêmio Braskem de Melhor Atriz de 2004, na Bahia, pelo desempenho no espetáculo Budro), a autora se debruçou nos jornais A Tarde e Diário de Notícias para as suas pesquisas. Um dos polos de suas investigações é a reflexão sobre o papel do primeiro diretor da Escola de Teatro da Ufba, Martim Gonçalves, para as artes cênicas no estado.

O livro traz ainda reflexões sobre a relação e a dinâmica entre a cena teatral na Bahia e sua cobertura na imprensa, a configuração do espaço cênico no jornalismo baiano, as repercussões do modernismo teatral no estado e no país, as inovações editoriais ocorridas à época, a percepção de questões do teatro em moldes modernos e o surgimento de vozes/fontes que as representem na imprensa.

Durante suas pesquisas, Jussilene conta que resgatou e digitalizou mais de duas mil fotos e matérias jornalísticas sobre teatro, publicadas entre os anos de 1956 e 1961. Vale ressaltar que, entre 1950 e 1960, a Bahia viveu intenso processo sócio-cultural-artístico que mudou a história da cultura brasileira.

Entre os movimentos da época, destaques para o Cinema Novo e a Tropicália. No teatro, o período foi marcado pela criação da Escola de Teatro, em 1956, a primeira no Brasil ligada a uma instituição de nível superior, a então Universidade da Bahia, que viria a dar origem à Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Segundo a autora, a cultura baiana em meados do século XX é comumente narrada "de forma lendária". Jussilene lembra que a criação e a atuação da Escola de Teatro da Bahia, está relacionada ao “renascimento baiano”, patrocinado pela gestão do reitor Edgar Santos à frente da Universidade da Bahia.

“Muito se fala da influência do cinema e da música baianos para o Brasil, mas o que o teatro baiano legou nesse período também é de altíssima qualidade e foi até agora miseravelmente estudado”, ressaltou Jussilene.

Segundo a autora, o principal legado para as artes cênicas seria a formação de alunos/atores que viriam a sustentar o Cinema Novo, o Tropicalismo, o cinema marginal e a televisão brasileira nas décadas subsequentes, com destaque para os atores mais conhecidos nacionalmente, como Othon Bastos, Geraldo Del Rey, Helena Ignez e Antonio Pitanga.

Na pesquisa que dá sustentação ao livro, realizada em seu mestrado, Jussilene Santana entrevistou vários artistas e jornalistas que fizeram história na cultura baiana no período. Entre eles, os atores Sonia Robatto, Yumara Rodrigues, Maria Silva, Wilson Mello, Manoel Lopes Pontes, Mario Gadelha, Roberto Assis, Harildo Déda e o jornalista Florisvaldo Mattos. Nilda Spencer, Carlos Petrovich e Álvaro Guimarães, já falecidos, também concederam depoimentos à época.

Em 2007, Jussilene organizou com parte dos entrevistados o Ciclo e Entrevistas Memória do Teatro na Bahia, evento que resultou em mais de 12 horas de depoimentos gravados sobre a história do teatro baiano e brasileiro.

Depois do lançamento em Salvador, Impressões Modernas será apresentado nas bienais da Bahia (de 17 a 26 de abril) e do Rio de Janeiro (de 10 a 20 de setembro). Patrocinado pelo Fundo de Cultura, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, o livro terá lançamentos também nas cidades de Ilhéus, Itabuna, Vitória da Conquista e Itaberaba. Em todas elas, a autora fará palestras e doará exemplares para as bibliotecas das universidades estaduais (Uneb, Uesc, Uefs e Uesb).

CINEMA, TEATRO, DOUTORADO E MATERNIDADE
Grávida de sete meses e morando atualmente no Rio de Janeiro, a baiana Jussilene Santana, 32 anos, volta a Salvador para a gravação do filme Capitães da Areia, de Cecília Amado. No seu terceiro longa-metragem, a atriz baiana faz Esther, mulher da alta sociedade baiana da década de 1950 que acolhe em sua residência o Sem-Pernas, um dos integrantes do temido bando de Pedro Bala.

Em agosto, a atriz retorna à Bahia para os ensaios do espetáculo Joana d’Arc, no qual fará o papel-título, com estreia prevista para outubro. A peça, contemplada no último edital da Fundação Cultural do Estado com o financiamento de R$ 100 mil, tem direção de Elisa Mendes, texto de Cleise Mendes e produção de Virgínia da Rin. No elenco, nomes como Carlos Nascimento, Carlos Betão e Widoto Áquila.

Atualmente finalizando o doutorado, Jussilene Santana continua sua pesquisa sobre o teatro baiano nas décadas de 1950 e 1960. Sua tese - Martim gonçalves: Uma Escola de Teatro contra uma Província - faz parte do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia.

Como atriz e jornalista, ela vem atuando há mais de dez anos no cenário cultural de Salvador. Participou de várias peças. Entre elas, Senhorita Júlia, de August Strindberg, com direção de Ewald Hackler, que a dirigiu também em A Mulher sem Pecado, e em diversas leituras dramáticas.

Jussilene recebeu indicação ao Prêmio Braskem de Teatro na categoria melhor atriz coadjuvante pelo desempenho em As Lágrimas Amargas de Petra von Kant. Sua atuação na montagem Budro lhe rendeu o Prêmio Braskem de melhor atriz baiana de 2004. Na tevê, esteve no elenco do especial A Mulher de Roxo, com direção de Fernando Guerreiro. Em 2007, fez os longas-metragens Estranhos e Jardim das Folhas Sagradas. Atualmente é professora de jornalismo e continua atuando como atriz profissional em teatro, cinema e TV.

SERVIÇO:

Livro - Impressões Modernas – Teatro e Jornalismo na Bahia
Autor - Jussilene Santana
Editora - Vento Leste
Data - quinta-feira, 5 de fevereiro, às 17h
Local - Livraria LDM (Rua Direita da Piedade)
Preço - R$ 50,00
Preço promocional no dia do lançamento - R$ 30,00
Soteropolitano, Bahiano e Brasileiro

tonyssa
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